Pesquisa do Expresso Feminino

6 de março de 2023

O relativismo da liberdade

                                                           Por Flávia Pantoja Strafacci 

          Liberdade: condição  do indivíduo que é livre. A liberdade consiste em permitir que um cidadão sinta, acredite, fale e faça aquilo que deseja ou que queira. Diante de suas atitudes e expressões, sua liberdade fica condicionada às consequências das mesmas. 
          Ora, o indivíduo que possui cidadania goza de direitos e deveres, podendo usufruir de sua liberdade e arcar com algum ônus, previsto em lei, se transformar sua liberdade em libertinagem ou crime.
          A libertinagem é o mau uso da liberdade, sendo passível de processos e penas previstas nas leis dos homens. Crime é toda atitude condenável predeterminada em leis aprovadas por representantes da sociedade.
          Fundamos a sociedade nas leis objetivando permitir que as pessoas sejam livres e respondam por essa liberdade, caso hajam de forma inaceitável ou criminosa. 
         A busca pela liberdade foi motivação para lutas em todos os tempos de vida humana. As batalhas foram tentativas de se propagar a tão sonhada liberdade (ou pelo menos diziam que queriam isso). Pois, ao invés de se pautar as regras sociais nas leis e deixar que os homens as sigam ou colham as consequências, simplesmente o ser humano parece ter essa necessidade de se sobrepor ao outro. 
          Foram muitas lutas ao longo da história por busca da liberdade: contra a própria escravidão, liberdade de um determinado país, liberdade religiosa, liberdade da mulher fazer e ser o que deseja, liberdade sexual... Hoje observo que a luta é pela liberdade de se ser quem se quer ser. Esse tema tomou proporção espantosa a ponto de que se eu amanhecer com a ideia de que sou uma árvore, eu me afirmarei como tal e as pessoas terão que me tratar como tal. 
          E qual o problema disso? Por que não posso ser o que quero ser, se sou um Ser livre? Nenhum! Acho que todos devem ser e agir como bem entendem. Sou a favor da liberdade. Mas essa liberdade que anseiam passa por cima da liberdade de outrem. Existe hoje uma sobreposição forçada para que todos aceitem e ajam de acordo com essa liberdade. As pessoas querem obrigar as outras a viverem da forma que elas acham que é certa. Isso não é uma violação da liberdade do outro? 
          Se o indivíduo deseja se sentir como uma árvore pode ser um direito dele, por que outro indivíduo não pode achar que quem quer se sentir assim é maluco? Correndo o risco de ser taxado e talvez até condenado por crer diferente dessa afirmação?
         Claro, ofender uma pessoa especificamente é condenável! Se você xinga, ofende a pessoa diretamente por se sentir uma árvore e ela se sente ofendida, tal atitude é passível de condenação perante as leis. Uma pessoa dizer que acha loucura indivíduos, sem apontar um específico, se sentirem uma árvore deveria ser taxada ou criminalizada como preconceituosa?       
          E a livre expressão não fica em risco quando não podemos achar mais nada? Então uma moça ou um rapaz afirmar publicamente que tem preferência de um perfil físico para namorar poderá ser acusada/o de preconceituosa/o? 
          Nesse contexto jajá teremos que fingir sermos, fazermos e termos o que todos são, fazem e têm…
          Estamos  vivenciando um verdadeiro relativismo da liberdade. Em nome de um desejo de uma sociedade diferente, minorias impõem aos outros como as pessoas devem falar, se portar perante a vida. Então, os cidadãos perceberam que talvez isso não se trate de liberdade. Pois pessoas que lutam por liberdade deveriam, antes de tudo, defender a liberdade do outro. 
          A busca da liberdade é algo plausível! Cada um deve fazer e ser quem bem entender, da forma que bem entender... e responder, por ventura, caso ajam de forma criminosa ou digam algo referente a outro que ofenda ou manche sua imagem. 
           Então, há algo a se pensar quando grupos se formam em nome da “liberdade”: será que a busca desse grupo é genuína? Ou está se utilizando de um sonho almejado por todo Ser para conseguir outra coisa? Já vimos muito “ismo” utilizando esta palavra e os meios não justificaram o fim. 
          A graça da humanidade está justamente na diversidade. Ninguém é igual a ninguém e é isso que faz o Ser Humano incrível! O Brasil, por toda sua dimensão e culturas diversas, se apresenta como um dos países mais incríveis do mundo. Viajar do norte ao sul desse país mostra como pode ser invejável um povo tão diverso…
         Qual seria a graça se todos vestíssemos as mesmas roupas, o mesmo corte de cabelo, falássemos da mesma forma, com o mesmo sotaque, acreditássemos nas mesmas coisas? 
         Pense bem nisso! Não tente impor que o outro ache que seu cabelo roxo é o mais bonito. Você o usa para que você mesmo se sinta lindo e não para que o coleguinha seja obrigado a acha-lo bonito. 
         Seja quem você quer ser sem impor ao outro que seja o que você quer ser.

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